PHOTOGRAPHY
"AS MULHERES E O ZECA"
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No céu cinzento, no céu brilhante, sob o astro mudo, sob o sol fulgente, as mulheres que Zeca retratou trazem a luz que na longa noite escura do preconceito e do fascismo cobria toda a realidade num manto de sordidez pétrea e cristalizada e que a todos envolvia no mesmo abraço. Eram elas, foram elas, são elas, as mulheres que Zeca escolheu para suas musas, que transportam a lanterna que aponta a saída de um beco, de um labirinto feito de coisas mesquinhas, e o músico foi o gigante que num país liliputiano as elevou às suas alturas, à sua grandeza eterna e ancestral, de portadoras da vida, de sementes da revolução que no peito o grande autor do século XX português sempre acarinhou. Raios de esperança num universo ausente de amor e caridade genuínas, a grandeza das figuras femininas glosadas por Zeca define-se bem na sua universalidade, um véu que as cobre e que as transporta a todos os sítios, a todos os lugares, a todos os tempos em que a opressão e a tacanhez ganham espaço à criação e à liberdade. Frutos da imaginação transbordante da terra, das águas, do fogo e do ar, as mulheres em Zeca são mais que elas próprias, são arquétipos em permanência para aquilo que verdadeiramente pode salvar o planeta e a humanidade: a certeza numa verdade de liberdade absoluta, de justiça equalizante, de esperança e fé num tempo em que os filhos da Terra se saibam respeitar a si próprios, respeitar a grandeza uns dos outros e a majestade do poder feminino que emana de todo o lado, da rocha, onde se constroem e lançam os alicerces de um amanhã renovado e fresco, como as madrugadas que Zeca cantou nas suas canções e de que as mulheres que ele retratou fizeram corpo, espírito e substância. Ligando-se a essa universalidade, as fotografias de Virginie Duhamel capturam para o contemporâneo esse universo simbólico, aquilo que são as emanações do princípio cósmico a que Zeca se ligou, e que Virginie captou com a sua câmara, o mesmo omnipresente fluxo etéreo e universal. O Yin cósmico. O feminino. Por ocasião do Dia da Mulher e a convite da Associação José Afonso, 7 fotografias versando esta temática estarão expostas na AJA, no âmbito da Iniciativa Março Mulher, na Casa da Cultura de Setúbal, na exposição "As mulheres e o Zeca", em que Virginie Duhamel, AKA Virgínia d'Aldeia, performer, fotógrafa e videoartista, que se debruça sobre temas como o preconceito e a discriminação, a crise ecológica, nomeadamente os efeitos das dragagens no rio Sado, o capitalismo no que este revela de mais nefasto, a exploração da natureza e as novas escravaturas, e que tem como algumas das bandeiras, o feminismo (não radical e totalmente inclusivo), o anti-racismo, anti-islamofobia e a anti-ciganofobia, expõe, enquanto modelo e fotógrafa, as suas interpretações de 6 figuras femininas cantadas por José Afonso e mais uma, a canção que Zeca teria escrito se vivesse nos dias de hoje, inscritas no imaginário de todos os que conhecem bem Portugal e a sua história na segunda metade do século XX. Rui Lorga, Poeta na Casa Virginie
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"AS MULHERES E O ZECA"
No céu cinzento, no céu brilhante, sob o astro mudo, sob o sol fulgente, as mulheres que Zeca retratou trazem a luz que na longa noite escura do preconceito e do fascismo cobria toda a realidade num manto de sordidez pétrea e cristalizada e que a todos envolvia no mesmo abraço. Eram elas, foram elas, são elas, as mulheres que Zeca escolheu para suas musas, que transportam a lanterna que aponta a saída de um beco, de um labirinto feito de coisas mesquinhas, e o músico foi o gigante que num país liliputiano as elevou às suas alturas, à sua grandeza eterna e ancestral, de portadoras da vida, de sementes da revolução que no peito o grande autor do século XX português sempre acarinhou. Raios de esperança num universo ausente de amor e caridade genuínas, a grandeza das figuras femininas glosadas por Zeca define-se bem na sua universalidade, um véu que as cobre e que as transporta a todos os sítios, a todos os lugares, a todos os tempos em que a opressão e a tacanhez ganham espaço à criação e à liberdade. Frutos da imaginação transbordante da terra, das águas, do fogo e do ar, as mulheres em Zeca são mais que elas próprias, são arquétipos em permanência para aquilo que verdadeiramente pode salvar o planeta e a humanidade: a certeza numa verdade de liberdade absoluta, de justiça equalizante, de esperança e fé num tempo em que os filhos da Terra se saibam respeitar a si próprios, respeitar a grandeza uns dos outros e a majestade do poder feminino que emana de todo o lado, da rocha, onde se constroem e lançam os alicerces de um amanhã renovado e fresco, como as madrugadas que Zeca cantou nas suas canções e de que as mulheres que ele retratou fizeram corpo, espírito e substância. Ligando-se a essa universalidade, as fotografias de Virginie Duhamel capturam para o contemporâneo esse universo simbólico, aquilo que são as emanações do princípio cósmico a que Zeca se ligou, e que Virginie captou com a sua câmara, o mesmo omnipresente fluxo etéreo e universal. O Yin cósmico. O feminino. Por ocasião do Dia da Mulher e a convite da Associação José Afonso, 7 fotografias versando esta temática estarão expostas na AJA, no âmbito da Iniciativa Março Mulher, na Casa da Cultura de Setúbal, na exposição "As mulheres e o Zeca", em que Virginie Duhamel, AKA Virgínia d'Aldeia, performer, fotógrafa e videoartista, que se debruça sobre temas como o preconceito e a discriminação, a crise ecológica, nomeadamente os efeitos das dragagens no rio Sado, o capitalismo no que este revela de mais nefasto, a exploração da natureza e as novas escravaturas, e que tem como algumas das bandeiras, o feminismo (não radical e totalmente inclusivo), o anti-racismo, anti-islamofobia e a anti-ciganofobia, expõe, enquanto modelo e fotógrafa, as suas interpretações de 6 figuras femininas cantadas por José Afonso e mais uma, a canção que Zeca teria escrito se vivesse nos dias de hoje, inscritas no imaginário de todos os que conhecem bem Portugal e a sua história na segunda metade do século XX. Rui Lorga, Poeta na Casa Virginie